Delegar Funções entre as virtudes
Por que cobrarmos somente do amor a função de mudar o mundo? Desde os primórdios a humanidade sentiu a necessidade de estabelecer um conjunto de boas ações e qualidades através das quais o ser humano poderia evoluir. Estabelecido este conjunto de boas ações, podemos definir virtudes como, a “disposição constante do espírito que nos induz a exercer o bem e evitar o mal. O conjunto de todas ou qualquer das boas qualidades morais”. Ação virtuosa, quer como indivíduo ou espécie, quer pessoalmente ou coletivamente.
Segundo Aristóteles, virtude é uma disposição adquirida de fazer o bem, e ela se aperfeiçoa com o hábito. Jesus disse: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”. Mas Cristo disse isto porque ele é amor puro e possui todas as virtudes, o conjunto de toda e qualquer das boas qualidades morais. Assim torna-se um ser perfeito, de amor absoluto. Ele sabe que o amor muda o mundo, mas nós mortais não sabemos. Não podemos cobrar somente do amor a função de mudar o mundo, se a humanidade, por necessidade, para firmar as bases de sua evolução, estabeleceu um conjunto de boas ações e qualidades através das quais poderia se perpetuar e evoluir.
Por ser um conjunto de virtudes, para evoluirmos e construirmos um mundo melhor, necessitamos delegar funções entre as virtudes, o trabalho precisa ser de todas. Em um mundo que, em sua grande maioria ainda não sabe na prática o que é ação virtuosa e o que são virtudes, para que servem, ainda precisamos aprender a ser sociedade. Se não cobramos e não vivemos respeito, dignidade, generosidade, justiça, gratidão, boa-fé, humildade, e honestidade entre outras virtudes, como cobrar amor? O amor precisa delegar funções entre as virtudes, porque o amor é a virtude suprema, e para amar, assim como estabelece o conjunto das boas ações que induz o espírito para o bem, primeiro precisamos respeitar, sermos dignos, generosos, justos, educados e éticos.
Acima de tudo, respeito, dignidade, generosidade, justiça e ética precisam ser ação e não discurso. Portanto, antes de cobrarmos amor ou procurarmos amar, precisamos viver as demais virtudes, a partir da prática e vivência das quais , chegaremos à capacidade de amar. Se não somos capazes de nos respeitar a nós mesmos e ao próximo como seres sociais, de sermos éticos, generosos e honestos, se não somos capazes de praticar a justiça em sua essência, como acreditamos que seremos capazes de amar a nós mesmos e aos outros como seres sociais? O amor que muda o mundo é a junção de todas as virtudes, é a ação virtuosa. A capacidade de amar é alcançada quando as demais virtudes fazem parte do universo particular e coletivo da sociedade e do mundo. O mundo não precisa primeiramente de amor, o amor está além das necessidades básicas do ser humano, o mundo precisa imediatamente é de viver ações virtuosas.
O amor não existe sozinho, é a junção das demais virtudes, somente podemos amar se respeitarmos, se praticarmos a justiça, se formos honestos, dignos e éticos. Se estas virtudes forem praticadas e vividas por todos, o amor existirá em absoluto e não mais no campo dos desejos inatingíveis, e assim um mundo melhor será possível.
*Lurdiana Araújo é professora e poetisa, autora do livro”Campolina – O Jardim da Felicidade”
Gesdan Barbalho
mar 10, 2010 @ 13:16:05
Não se trata de uma resposta ao texto, mas uma visão. Por favor, se for possível, opine.
Sublime ética
A ética já não se manifesta por suficiente prática pessoal na harmonia cultural e se devemos nos guiar por uma ética, que seja por uma que se pratique de forma sublime, ou seja perfeitíssima. Nesse percurso nossa identidade está em constante transformação e a cultura de uma nação, mista como hoje se propõe, vai definindo seu povo dinamicamente. Embora não sejamos o que melhor “deseja” nossa cultura, nos encontramos definidos em suas entranhas, se somos do bem – bem, se somos do mal – mal. Se bons ou ruins somos o que somos e assim nos conduzimos pela autonomia que Deus nos consagrou.
Vale lembrar que por vezes, na busca de viver sob a égide do bem, buscamos o comprometimento com Cristo, mas nos perdemos nessa busca porque ainda não conseguimos executar, nem mesmo, as boas virtudes humanas como a honra, a moral, a verdade, quanto mais nos aproximarmos da perfeição das virtudes de Deus. Busquemos, antes, estas boas virtudes humanas.
A motivação é o ponto de partida para a busca dessas virtudes, embora impulsionados por vãs ou puras intenções. Se gostamos de algo ou alguém e isso se toma por meta, que beleza, Deus, assim como o Filho, também tinha inabalável propósito e nem por isso suas ações se nortearam pelo egoísmo, mas por suas virtudes.
Quando buscamos viver sob uma sublime ética devemos dar àqueles, ou àquilo, que gostamos, o que gostaríamos de receber. Essa prática é pressuposto para que se tenha esperança de viver sob uma cultura nacional em que o Amor verdadeiro por estas virtudes humanas se regre sobre a ética politicalhista*. Ética a qual se abateu sobre nosso povo, como um câncer contagioso, e para a qual a única saída é tomarmos por busca a prática do Bem. Essa esperança deve tomar por base uma ação que se defina como alimento real das boas virtudes humanas, e não por ação inócua ou outras de cruzo os braços.
É isso que sei. Sei que devemos saber bem mais para obtermos conhecimento suficiente para a solução de nossas nuanças sociais, mas conseguiremos com o Bem embasando esta sublime ética.
Gesdan Barbalho
professorgesdan@yahoo.com.br
fevereiro de 2010
* Politicalha: prática política que se norteia pela execução canalha de seu mistér.